quarta-feira, 25 de maio de 2016

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Save your money

Se eu disser que a Fergie é uma merda
este texto perde credibilidade?


A Fergie é, de facto, uma merda. Nunca foi grande coisa e só existiu, enquanto Black Eyed Peas, porque um senhor aka Wil I Am e restante companhia a deixou apanhar o barco. Por isso, no Rock In Rio, o concerto foi deplorável, numa apresentação medíocre de covers inapropriadas, de remisturas dos sons que a tornaram conhecida e de uma exibição corporal que nunca chegou para apagar o resto. É importante esquecer o mais rápido possível.

Seguiu-se Mika, um simpático mas sensaborão rapazito que não chateia ninguém a não ser o Jorge Fernando que foi arrastado para uma tentativa de colocar um libanês, que canta em inglês a reproduzir fados.
É importante sorrir mas esquecer depressa.



E pronto, havia chegado o momento de ver que raio era afinal os Queen+Adam Lambert.
Eu gosto do Adam Lambert, ponto. Quanto ao concerto há que dividir as coisas.
Ele esteve bem a explicar que Freddy só há um e o que se trata ali, na tourneé europeia é uma espécie de tributo. Esclarecido humildemente o tema, Lambert foi demasiado tímido em palco, a voz é demasiado doce se a compararmos com Mercury e os improvisos não foram os melhores, tal como a exibição de guarda-roupa. No final, fica a sensação que Axl Rose está melhor nos AC/DC do que Lambert nos Queen.
Depois há the originals, Brian May e Roger Taylor - o baixista John Deacon deixou-se dessas coisas - que tiveram um surto nostálgico e não só e reactivaram a banda.
Quando era adolescente queria ser o Roger Taylor, fruto da minha relação com a bateria e uma banda rock de casa de banho. A banda era próxima dos U2, os tipos vestiam-se de preto, e eu andava ali a elogiar Taylor como o melhor baterista do mundo. Queria ser, agora já não queria, porque na Bela Vista, ele foi uma sombra do que era e colocou à sombra um segundo baterista, disfarçado de percurssionista para que pudesse recuperar o fôlego e errar as batidas sem que se desse por isso.
Aliás, a iluminação, inteligentemente, "apagou" do set o remanescente da banda, como tudo se tratasse, em exclusivo, de Lambert, Taylor e May. Lambert agradeceu-lhes no final, mas só isso, o resto havia sido um three mem show. Brian May continua um virtuoso, mas também vaidoso, tão vaidoso que incluiu solos longuíssimos de guitarra em tudo o que era música. Cumpriu e pecou, por excesso. 
Como produto final a coisa resulta, mesmo sem ser preciso ceder à tentação de exibir Freddy Mercury na tela. Resulta porque as canções resultam, resultarão sempre e conseguem a proeza de tornar um público de anémonas no melhor público do Mundo, como aconteceu ali. Lambert podia desafiar, May podia tirar a roupa e Taylor ir dormir mais cedo que o concerto resultaria, tal como resultaria se qualquer um destes fosse substituído pela Banda da Força Aèrea. 



O público talvez pudesse ter poupado o dinheiro do segundo dia do Rock In Rio. Talvez tivesse trocado o dia pelo que se segue, porque Korn estão a chegar e os Hollywood Vampires também, sim, os que têm Joe Perry e Alice Cooper, e uma espécie de cheerleader para tornar a coisa menos... bloody.


sexta-feira, 20 de maio de 2016

Timeline

Antes do resto,
sim, a Sinead O'Connor apareceu



Os concertos sucederam-se e, por isso, é preciso ir por partes, ou seja, cronologicamente.
Peter Murphy esteve no Porto, na Casa da Música, e com um concerto que durou menos de uma hora e meia, sem direito a encore, o músico confirmou que o front-leader dos Bauhaus já morreu há muito.
Longe vão os tempos em que o músico rumou ao Porto, deixou levar-se ao Pinguim, mergulhou numa orgia de Vinho do Porto, ficou fixado na música do Carlos do Carmo e uivava "os putos..., os putos", enquanto nos calava a todos dizendo ao roadmenager: "Re-schedule the fucking concert!!!". O concerto não foi re-agendado e, no Rivoli, Murphy fez cair uma bancada, de onde resultaram alguns feridos ligeiros e, no final, perante a concentração de público na Praça D. João I, surgiu à janela do Rivoli com uma guitarra, fez um encore quase imperceptível e distribuiu... pão torrado. Nessa altura, Peter Murphy já não era sequer um Bauhaus mas o seu odor continuava lá e, por isso, valia sempre a pena. Não foi o caso, na Casa da Música.


A sul, não valerá muito a pena escrever sobre Bruce Springsteen, no Rock in Rio. The Boss cumpriu como ícono que é, como nome grande que sempre foi. Voz sofrida, sentida, presença robusta, rude, emotiva, de uns Estados-Unidos duros, pouco estrelados, yet... nunca soube tocar guitarra, mas, who cares...?
No concerto houve mais pontos de interesse, outros ângulos mais importantes. Como a ausência de pausas entre temas, impedindo-nos de respirar, de sentir ou sequer parar para digerir os socos no estômago que nos iam sendo dados. Mas quem irrompeu na Bela Vista? Um punhado de músicos - a E Street Band - com mais de 60 anos capazes de mostrar aos piegas de hoje que o rock não é para meninos, nem sequer para contemplar multidões. O rock é chegar e debitar com mestria e os velhos (como os AC/DC, os Stones, Iggy, etc) fazem-no como ninguém, aliás, só eles o sabem fazer porque têm cicatrizes e estrada onde se engole o pó e se come nada, bem antes das limusines e das massagens ou até do luxo de ter, como Springsteen teve, um teleponto que lhe recordava as letras. E no meio há uma figura sombria, demasiado sombria, demasiado importante, demasiado genial: Little Stevie. Bruce confia nele como confia na mãe, precisa dele como precisa de comer e Stevie, figura que rasteja de forma repugnante pelo palco, encerra em si toda a mestria da banda e sem ele The Boss, seria menos... bossy.


 Mas vamos ao que interessa. Os Xutos & Pontapés.
A banda não precisa de actuar em pleno para conquistar o tuga festivaleiro e os outros. São muitos anos na estrada a ganhar o calo como Spriengsteen e, por cá, merecem estar no topo.No entanto, aqui o caminho para a lenda, - como Bruce -, ainda que no espaço nacional, parece comprometido. Ontem, em concerto, confirmou-se que não é apenas o Bauhaus, Peter Murphy, que morreu. Nos Xutos, apenas vivem Kalú (talez graças à Xeila) e João Cabeleira. Tim morreu, Zé Pedro morreu, Gui e Zé Leonel não contam. Provavelmente, seria a altura dos Xutos fazerem como os AC/DC e trocarem de vocalista porque este não está surdo mas está sem voz; perdeu gás, faz pausas demasiadas, está pesado, não se mexe, restam-lhe os dedos para continuar a escrever bons temas. Quanto a Zé Pedro, um queque não pode rockar, um convertido à vida saudável não pode rockar. Mas nem tudo foi mau ou displicente. Kalú não abranda permanece bruto e a cheirar mal mas Cabeleira, sim, Cabeleira é o orgasmo dos Xutos e nas versões escolhidas para ontem tudo pareceu feito para ele. O homem mostrou-se cada vez melhor e foi dono de tudo, terá sido, provavelmente, o seu melhor concerto da última década. Os Xutos têm alguém que ainda é Xutos e isso tranquiliza-nos.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Sinead O'Connor dada como desaparecida

A cantora não regressou
de um passeio de bicicleta


A polícia está à procura de Sinead O'Connor que foi dada como desaparecida na zona de Chicago, segundo estão a noticiar vários media norte-americanos. 

A polícia de Wilmette, Illinois, já libertou um comunicado sobre o caso: "A polícia de  Wilmette está a tentar confirmar o bem-estar de Sinead O'Connor. O'Connor foi vista fora da área de Wilmette, num passeio de bicicleta, perto das seis da manhã e não regressou. Um telefonema deu conta da preocupação com o seu bem estar e, por agora, não há mais informações".
De acordo com o TMZ, o alerta da polícia inclui a caracterização de Sinead O'Connor como sendo uma "missing-suicidal", e adianta ainda que a cantora foi vista numa bicicleta motirizada Raleigh com um cesto cor-de-rosa, vestindo "uma parka preta, calças de pele pretas e uma sweat-shirt onde se lia, nas costas, 'Ireland on the back'".
 

No passado mês de novembro, um porta-voz de Sinead O'Connor reconheceu que a cantora não andava bem e recebia tratamento,, isto depois de surgirem rumores nas redes sociais que davamconta que a cantora poderia tentar o suicídio novamente.
 

Novas aflições

O Rock in Rio está de novo em Lisboa...


 ... com promessas de mais uma inesquecível Cidade do Rock e um alinhamento tão bom, ou melhor, do que os anteriores. Gangas e bugigangas são esperadas nas tendinhas patrocinadas por tudo quanto é marca. Inovações, gritinhos e muita ecologia. Mas a novidade maior é, como não podia deixar de ser, uma "app". Mas esta aplicação para smartphones é mais revolucionária do que se pode imaginar e, adivinha-se uma verdadeira revolução para os festivaleiros.
A partir desta edição do Rock in Rio, antes de ir a uma casa de banho, existe uma "app" para saber em que zona há mais casas de banho disponíveis. Dizem os revolucionários criativos que através de sonares que "inspeccionam" os barulhos e o movimento em cada uma das casas de banho passa a ser possível informar onde há mais WCs disponíveis.
Por isso, quando estivermos hiper-aflitos, num qualquer festival de verão, não devemos correr para um WC mas sim, procurar rede wi-fi, ou 3G, ligar o smartphone, as aplicação e ver para onde devemos correr, isto se até lá não tivermos feito pelas pernas abaixo.
O Rock in Rio é imperdível, nem que seja para experimentar a "app".

domingo, 15 de maio de 2016

De costas

Em Figueira de Castelo Rodrigo
debateu-se, de novo, a interioridade



É uma preocupação recorrente com, norma geral, receitas para a resolução baseadas em subsídios, apoios e maior investimento, aquela que, uma vez mais, foi debatida na pequena Figueira de Castelo Rodrigo. A interioridade. A necessidade de fixar população e aproximar os níveis de desenvolvimento dos existentes no litoral, foram conversados para terminar com um pedido: criar um plano de emergência capaz capaz de inverter o cenário de abandono e desertificação.

Há uns anos, a apresentação de um novo modelo da Peugeot levou-me, por 24 horas, à Sardenha. Por entre várias actividades milimetricamente planeadas, constou um jantar de convívio onde tive a sorte de me sentar ao lado de um octagenário descendente de Armand Peugeot que, confesso, não recordo o nome. A conversa acabou por fugir à enfadonha, confessou-me ele, história de família ou carros. O senhor Peugeot, chamemos-lhe assim, mesmo que tenha a certeza que o apelido havia-se perdido sem ter chegado ao seu nome, conhecia muito bem Portugal. Gostava, como todos gostam. Mas depressa explicou que era um país que nunca entendera muito bem.
"Passam demasiado tempo voltados para o mar, a olhar o horizonte, e isso atrasa-vos", considerou Peugeot. Os habituais argumentos de uma zona marítima potencialmente rica e a possibilidade de explorar este recurso não o comoveu, pelo contrário. Para o senhor Peugeot, estarmos voltados para o mar era o nosso defeito. "Deviam voltar-se para Espanha, dar as costas ao mar e olhar para onde existe gente", retorquiu. Na prática, aquilo que me dizia era que o actual litoral deveria ser o interior e as zonas em desenvolvimento deveriam estar próximas da fronteira, o mais próximas possível do resto da Europa. Aceitando a lógica de Peugeot, a Guarda seria mais apetecível do que o Porto, Bragança mais explorada que Lisboa.
Não me esqueci da posição de Peugeot e, friamente, esquecendo a melancolia de olhar para o mar como algo que nos corre no sangue, acabei por juntar-me a ele nessa opinião. O Atlântico deu-nos o passado e mantém-se como eterno futuro, já a Europa é o presente e a proximidade ao resto do nosso mundo, aquele de quem estamos sempre a falar mas apenas vemos... pelas costas.
Não terá, provavelmente, sido coincidência que a Peugeot Portugal (PSA) tenha escolhido Mangualde para instalar uma unidade de produção. Mangualde é, claramente, o equilíbrio entre o senhor Peugeot e o português, como eu, ou seja, fica a meio caminho do mar e de Espanha.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O terceiro está aí (actualizado)

Os Stone Roses lançam hoje um novo tema,
o primeiro desde os anos 90.
O novo tema é lançado às oito da noite.


Os rumores começaram a espalhar-se após alguns pósteres com o icónico limão-logo ter sido colocado em revistas e montras de lojas de discos em Manchester, de onde são naturais. Apenas hoje os rumores confirmaram-se com um tweet da banda revelando: "THE STONE ROSES WILL RELEASE A NEW SINGLE TONIGHT AT 8PM".Não foi dada mais informação.
Apesar da banda ter-se reformulado ligeiramente para realizar alguns concertos, em 2012, passaram mais de 20 anos sobre o último álbum, "Second Coming", lançado em 1994.


 
 
 
 
Actualização (20h36):
All For One (new single) 



Somos todos carregadores de pianos.


terça-feira, 10 de maio de 2016

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Self-service: Calvin Klein

As belfies* que se tornaram high fashion.



 Calvin Klein construiu o nome na moda vendendo seco nos anos 90, mas um sexo diferente do que, até então se tinha visto. A identidade da marca escondeu tudo o que era passado; emagreceu, cortou cabelos e repudiou o sexy-glam dos 80s. Quando Kate Moss e Marky Mark se abraçaram, tornaram-se, ao mesmo tempo, a mais icónica campanha da Calvin, apresentando caras frescas e um não-estilo. Nao havia peles ou rendas, a única coisa que soletrava s-e-x-o foi o aperto entre eles.

Mais de uma década depois, Calvin Klein continua a capturar a sexualidade contemporânea e a criar rostos icónicos. A última campanha Primavera/Verão 2016 surgem estrelas imaginárias, via covergirls Abbey Lee Kershaw e Saskia de Brauw, juntamente com Klara Kristin e Kendall Jenner. O londrino Harley Weir assinou a campanha.




 *A belfie é um tipo de registo fotográfico que surgiu com o Instagram, tal como a selfie. O nome belfie resulta da junção da palavra "selfie" com "butt".

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Contemporâneo velho

Ir a um funeral de alguém
que não conhecemos pode
ser um ato de meditação


Havia, garanto, uma boa razão para estar presente naquele cemitério, mas a vontade era pouca, o tempo não ajudava, o do relógio e o outro. Ainda assim, havia tempo para um café, ali mesmo ao lado, num tasco que apenas o álcool deverá fazer esquecer os defuntos vizinhos não tomam pequenos almoços. Ao balcão, o café chega, e como em todos os locais onde somos intromissão, tal como nos funerais alheiros, o mais digno é mantermos os olhos baixos; não vemos ninguém, não olhamos para ninguém.

Foi o flyer que me chamou a atenção. Bom design e cores vivas onde o luto seria o mais apropriado.Centro de Meditação, anunciava-se. Retiros, aulas e workshops. palavras mágicas para a urbanidade que se exige a quem desconhece o vizinho, abusa do sushi e intromete-se no contemporâneo como se este fosse item indispensável no currículo.

Era penetra no funeral, no tasco e no flyer mas, estranhamente, depois das incompatibilidades que jurara existerem entre os três, reconheci-lhes afinidades. Talvez se mantivesse os olhos baixos e meditasse, a intromissão não o fosse.

Ainda tinha tempo, o caixão demorava a aparecer. Meti ao bolso o flyer para ler os detalhes. Foi o grafismo e as cores atrevidas. A bateria do telemóvel assustava, poupava-o, e, por isso, mantive os olhos baixos mas não meditei, voltei ao Centro de Meditação, e descobri-lhe o mais importante: budismo moderno.


O ecumenismo é a minha resposta religiosa, caso contrário, precisaria de misturar o catolicismo com o budismo e o resultado é, uma vez mais, incompatível. Suspeito que a minha lista de incompatibilidades é a mesma que a minha lista de moddus operandi. Ainda assim, a perplexidade instalou-se. Budismo Moderno. Questionei-me se seria algo parecido à refundação que Francisco vai cavando no catolicismo, mas ambas me parecem banhadas por águas poluídas pelas necessidades de marketing na angariação de fiéis, aproximando-se perigosamente a seitas feitas à medida. Budismo é budismo, catolicismo é catolicismo, islamismo é islamismo com aceitáveis variantes e interpretações que, no entanto, dificilmente comportam moderno como adjectivo.

O caixão chegou. Mantive o sentimento de intromissão - havia uma boa razão para lá estar -, mantive os olhos baixos mas a mente já voava nas asas de um budismo moderno, tão moderno que um Centro de Meditação de design elaborado desafia os fiéis de Tenzin Gyatso, também ele posto em causa, provavelmente por um monge metrossexual, de bíceps trabalhados, barba tratada na Barbearia Porto e que apenas usará manto laranja se algo parecido tiver desfilado no cubano Passeio do Prado. 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

quarta-feira, 4 de maio de 2016

"O joelho da Joana voltou a sair do sítio durante o ensaio. É a terceira vez que acontece e, desta vez, ela até estava com a joelheira protectora. Eu estava atrás dela e a fazer um simples 'échappé', zás...ficou todo ao lado".


Enquanto isso, António Casalinho, vence o Youth Grand Prix, em Nova Iorque, segue para a Royal Ballet School, colhendo frutos de uma das melhores academias de dança do país, instalada na improvável Leiria.

A Annarella, que segue a escola cubana, levou cinco dos dez bailarinos portugueses ao mais importante concurso de dança para jovens, o Espaço Dança (Porto) levou três e o Conservatório Nacional, dois.

Na Covilhã, o bailarino Ricardo Runa, de 23 anos, fundou uma companhia de dança, há dois anos, trocando o contrato de bailarino profissional na Gwinnett Ballet Theatre (Atlanta, EUA) pela loucura do regresso e da invenção do Kayzer Ballet.

No Porto, Matosinhos e Gaia, o DDD (Dias Da Dança) reuniu dezenas de espectáculos de dança contemporânea, workshops e tertúlias, mostrando companhias nacionais e estrangeiras em locais improváveis sempre cheios.

A dança está a descentralizar-se, outras expressões artísticas também, abdicando da asa protectora de uma centralidade exagerada que, oferece segurança, mas sufoca por oferta em excesso.



"As coisas com o Rui [Lopes Graça] estão a correr tão bem que devem haver novas datas!"

Já o escrevi noutras ocasiões: o talento é, provavelmente, aquilo que mais me emociona. Assim, não é descabido perder-me, por vezes, em programas de talentos como o Got Talent onde surgem alguns dignos desse nome.

Sobre a dança nos concursos de talento há uma enorme controvérsia.  A dança, como arte, deverá sujeitar-se a concursos? Deverá envolver-se em competições? Seria relevante um concurso entre Miró e Picasso? Pessoa e Ruy Belo? A minha opinião está formada mas encontra excepções...

A custo da interioridade, aliada à falta de apetência do público para a dança, tornou a criação da Kayzer Ballet, não só uma aventura como uma luta onde vencerá o mais teimoso, o Ricardo Runa ou o falhanço. A jovem companhia não é brilhante mas é criativo, regular e, acima de tudo, corajosa e humilde. Essa mesma admirável humildade e luta contra o insucesso levou-a até, precisamente, ao Got Talent Portugal. Divulgar, encontrar novos teatros que queiram ter a companhia em apresentações, etc, foram os motivos e eles são nobres, tão nobres quando a humildade com que a Kayzer Ballet encara a sua arte, mantendo os pés no chão e recusando o estatuto de primas-donnas.