Mas talvez esta seja uma declaração exagerada
Serviu, esta entrada, para, de alguma forma, justificar a importância que teria que dar à exposição que decorre em Paredes de Coura - sim o Alto Minho tem uma intensa e interessante actividade cultural que não sobressai mais porque, enfim, centralismos - fundamentada nos 100 anos da morte de Mário de Sá Carneiro e que traça a profunda ligação entre Pessoa e Sá Carneiro. É correspondência trocada entre os dois e a visão clara das influências mútuas que, lá está, ficaram visíveis na revista Orpheu, por exemplo. Aqui Almada é um espectador. Ainda assim, trata-se de uma mostra comovente e imperdível pelo mais profundo sentir de dois dos mais importantes poetas portugueses de sempre.
“Um grande, grande adeus do seu pobre Mário de Sá-Carneiro”.
Lê-se num bilhete amarelecido, de letra irregular, escrito e dirigido a Pessoa, momentos antes do suicídio do autor, em Paris. Lê-lo aqui arrepia, lido no manuscrito, presente na exposição, provocará o choro aos mais sensíveis.
"Mil Anos Me Separam de Amanhã", assim se chama a exposição, decorre num parque de estacionamento, assim, sem mais, sem mordomias ou mariquices, porque os d'Orpheu, sempre as dispensaram. Venham de lá esses vícios.
Fim
Quando
eu morrer batam em latas,
Rompam
aos saltos e aos pinotes,
Façam
estalar no ar chicotes,
Chamem
palhaços e acrobatas!
Que
o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado
à andaluza...
A
um morto nada se recusa,
Eu
quero por força ir de burro.
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