terça-feira, 22 de março de 2016

Banksy vendeu-se


O mais famoso grafitter do Mundo, Bansky, está debaixo de fogo.
Aquele que, sem dar a cara, correu mundo para deixar nas paredes mensagens que tocaram a sociedade e denunciaram quase tudo e todos, aliou-se à banca e criou uma exposição que tem tanto de polémica como de trágica. A Banksy & Co. reune peças da street art dentro de quatro paredes e pior que isso, ignora dezenas de grafitters que perderam os direitos autorais das obras que "ofereceram" a paredes abandonadas porque os direitos foram comprados aos donos das... paredes.
Banksy e o sucesso do que foi fazendo terá despoletado tudo isto, com alguns dos seus trabalhos a serem retirados das ruas para serem leiloados, alguns deles, avaliados em mais de um milhão de dólares. Ora, o famoso grafitter britânico terá gostado do sabor dos milhões e seguiu em frente para uma exposição que poderá marcar o fim do melhor da street art.
Uma das primeiras reacções foi de outro dos mais famosos grafitters do mundo, o italiano Blu, que não se lhe conhece o rosto mas cujas obras são referência e admiradas tanto como as de Banksy. Não se lhe conhece o rosto mas as suas opiniões são sobejamente conhecidas e, desta vez, Blu, não suavizou a resposta à Banky & Co. O artista, com atividade internacional mas "sede" em Bolonha, apagou todos os trabalhos das paredes da cidade italiana que acordou com um trágico cinzento onde outrora estavam murais de street art assumidos como património da cidade.



Blu, que passou em Lisboa e tem mural na Av. Fontes Pereira de Melo, escreveu no seu blog que "não há mais Blu em Bolonha, e não haverá mais arte enquanto os magnatas especularem". O artista, de 35 anos, explicou que o gesto, que deverá ser seguido por mais grafitters, é "uma acção contra os ricos e poderosos que tiram a arte da rua, da rua".
No centro da polémica, aliado de Banksy, está Roversi Monaco, presidente da Academia de Belas Artes e do banco IMI, que tem desencadeado múltiplas acções no sentido de "pedir autorização aos proprietários legítimos dos edifícios devolutos onde estes murais estavam", para que as obras possam ser extraídas. Cerca de 250 obras, retiradas desta forma das ruas, estão agora em exposição no Palazzo Pepoli, algo que a comunidade de grafitters não consegue suportar, sobretudo, quando a arte de rua passa a ser acessível num museu onde a entrada custa 13€
Banksy perdeu o charme e a rebeldia que lhe era reconhecida e o Mundo aguarda por uma palavra do mais famoso dos artistas de rua que, de alguma forma ajude a repôr a sua imagem, por outro lado, a street art entra num período onde a discussão é a musealização de uma forma de expressão essencialmente ou até exclusivamente de rua. Ao Público, o português André Saraiva defende que "o grafitti tem lugar na cidade, ilegalmente e à noite", algo que Bansky & Co. pretende questionar.

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