Os Buraka Som Sistema vão parar por tempo indeterminado.
Kalaf Ângelo está numa branca musical, Blaya tem mais o que fazer e o projecto tem que esperar para desespero de quem aprendeu que o kuduro progressivo criado pelos Buraka era o único som made in Portual com verdadeira dimensão para impressionar o mundo da música e dar voz aquilo que se faz no país para além do fado.
Desde o início, outra coisa não seria de esperar, os Buraka Som Sistema atravessaram várias fases. E o arranque, com Petty na voz, foi o momento mais criativo, puro e duro da existência da banda que, aos poucos, foi derivando para a estética, adoptando uma Blaya de raça, de silhueta mas sem a intensidade sombria que Petty acrescentava e fazia a diferença. Os Buraka ficaram mais bonitos e cosmopolitas mas menos capazes de chocar e abanar o establishment.
Uma grande parte do factor garagem perdeu-se, o subúrbio levado à cidade e ao mundo foi substituído por um urbanismo polido e a máquina cresceu e, tal como muitas outras bandas, o peso foi quase demasiado. Ainda assim, o kuduro dos Buraka Som Sistema permanece como o único género suficientemente astuto para se impôr fora de portas com a mesma força que qualquer outro big dog e foi o que fez e por isso teremos permanente que lhes prestar reverência.
Resta esperar que haja um improvável regresso ou que a genialidade daqueles músicos possam incorporar novos projectos válidos e, de preferência inovadores, deixando Blaya com a medíocridade dos "Superfresh" e o mediatismo das suas curvas, e inventando novas Pettys ou Pongo Loves que por aí se escondem num qualquer subúrbio de Lisboa ou de Luanda. Os sons luso-africanos precisam de mais música e menos Ralphs.
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